Você sabe pedir desculpas?

Por Denise de Moura - Foto: Bing - 20/12/2016

É fácil se desculpar por erros que cometemos às outras pessoas no ambiente corporativo?

O professor americano de comportamento organizacional, Andy Molinsky, afirma ser dificílimo admitir nossos erros e, sobretudo, olhar alguém nos olhos e oferecer um sincero pedido de desculpas. Porém, para Molinsky as desculpas são essenciais para a reparação de relacionamentos no local de trabalho. Elas mostram que você valoriza o ponto de vista da outra pessoa e pretende manter relações saudáveis dentro da organização.

Porém, o professor menciona que muitas vezes, por falta de habilidade, a reparação de um erro, feita de maneira errada, pode agravar ainda mais a situação, e alerta para quatro formas ineficazes de pedir desculpas no ambiente corporativo:

1. A desculpa vazia

O famoso “eu sinto muito” sem nenhuma veracidade na fala. Este tipo de desculpa ocorre quando a pessoa sabe que precisa se desculpar, mas está tão irritada ou frustrada com o acontecido que não consegue passar nenhum sentimento real. Ou ainda, quando é solicitado a ela que peça desculpas, mesmo contra a sua vontade. Entretanto, para a pessoa que recebe a mensagem, é clara a falta de interesse do outro em resolver a questão.

2. A desculpa excessiva

O inconfundível “eu me sinto tão mal” dito várias vezes. Para o professor, o ato de pedir desculpas destina-se a corrigir um erro e reconstruir um relacionamento danificado, mas com desculpas excessivas, você não resolve o problema. Essa tática, em vez disso, tem o efeito perverso de chamar a atenção para seus próprios sentimentos, ao invés de o que você fez a outra pessoa. Muitas vezes quem cometeu o erro utiliza este tipo de desculpa, pois tem a intenção de ser fazer de “vítima”, diminuindo a sua responsabilidade na situação.

3. A desculpa incompleta

Neste caso, a pessoa tem a intenção de se desculpar e tentar resolver o problema, mas não tem todas as habilidades necessárias para tal. O professor alerta que uma desculpa eficaz perpassa por três ações: assumir a responsabilidade pelo acontecido, expressando arrependimento; pedir perdão; e se comprometer que aquilo não irá ocorrer novamente ou pelo menos que a pessoa tentará. Quando apenas uma das ações ocorre, a pessoa que se desculpou percebe que o problema ainda não foi resolvido, sobretudo em virtude da reação do outro, que ainda se mostra magoado com a situação.

4. A negação

Como o próprio nome diz, ele é caracterizado quando alguém diz “isso simplesmente não foi a minha culpa”. O ego e a vaidade podem facilitar este processo. A frustração e a insegurança também fazem com que a pessoa negue para se proteger de futuras consequências. A negação, além de não reparar o problema, gera outras complicações, porque se a pessoa que cometeu o ato falho, está negando veementemente, possivelmente está “rachando” o seu comportamento ético perante o outro.

Para Molinsky, pedir desculpas de maneira correta exige o desenvolvimento de duas habilidades importantes: a empatia e o controle das emoções. É fundamental entender como o outro se sente com o acontecido, desta forma você perceberá o quanto a sua desculpa pode significar para ele. Além disso, se todos estiverem bastante exaltados, procure o momento certo para se desculpar. As emoções podem impactar nos resultados deste processo.

Se, por outro lado, pedir desculpas é algo impensável para você, vale lembrar que este processo não funciona apenas para reparar um erro ou fortalecer um relacionamento, mas pode ser um importante catalisador para o seu crescimento pessoal. As pessoas crescem quando reconhecem os seus erros e, assim, buscam o seu aprimoramento contínuo.

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A pesquisa completa do professor Andy Molinsky pode ser acessada no site da Harvard Business Review com o título: The 4 Types of Ineffective Apologies