O vendedor de amendoim

Por Denise de Moura - 02/01/2015

Trinta e um de dezembro de dois mil e quatorze, praia de Copacabana lotada. Contagem regressiva para o novo ano. E começa o grande espetáculo. O show de fogos justifica porque as pessoas ficam tão ansiosas por aquele momento. Um barulho de estouro de champanhe me tirou, por milésimos de segundos, daquela hipnose em que eu me encontrava e desviou o meu olhar para o lado.

À minha esquerda era possível ver um senhor de seus 70 anos em pé com os olhos bem fechados. Ele parecia exausto. Enquanto milhares de pessoas fotografavam e filmavam aquele momento, ele mantinha os seus olhos cerrados. Um homem totalmente solitário perante milhões de pessoas. 

Sob os seus pés havia uma grande lata com muitos amendoins. Talvez ele estivesse tentando vendê-los há muito tempo, mas sem sucesso. 

Os fogos terminam. A multidão se dissipa rapidamente. O senhor respira fundo... Abre os olhos, pega a sua latinha com amendoins e caminha bem lentamente em direção às pessoas que continuavam ali.

Não falei com ele, não perguntei o seu nome e não lhe desejei um feliz ano novo. Queria ter conhecido um pouco mais da sua história. Ele tem família? Filhos? Alguém o espera quando chega a casa? Por que para este senhor os fogos não pareciam ter o mesmo encantamento? Fiquei sem respostas. 

Então é exatamente isso que eu desejo para todos nós em 2015. Olhar mais para o próximo, saber mais sobre suas vidas, entender os seus problemas, ter empatia com a situação alheia. Não precisa fazer isso com uma pessoa estranha, mas por que não começarmos com alguns familiares distantes, com colegas de trabalho que temos pouco contato ou com as pessoas ao nosso redor?

Talvez consigamos fazer a diferença apenas dando mais atenção às pessoas que passam pela nossa vida.

Feliz 2015 para todos!